domingo, 27 de março de 2011

Flâneur

O flâneur é ser que observa o mundo que o cerca de maneira real e descritiva, levando a vida para cada lugar que vê. O flâneur descrever as cidades, as ruas, os becos, o externo. Desvincula-se do particular, recrimina o privado, de forma a ver a rua como lar, refúgio e abrigo. Este sentimento flaneuriano reflete a necessidade de segurança do indivíduo, a necessidade de identificação dele para com a sociedade. A rua é seu lar, seu mundo. Ali nada é estranho ou prejudicial. Na rua se sente confortável e protegido. O flâneur do século XIX representou a angústia da Revolução Industrial.


Mesmo que não habitante constante da rua, o indivíduo flâneur utiliza sua janela (caminho livre para o externo) para fazer sua observação e seu retrato. O flâneur é um fotógrafo. Porém além de imagens, ele registra idéias, sentimentos e atitudes. Descreve tudo com perfeição e carinho. Ama o mundo exterior e dele faz seu ideal profissional e emocional.


Charles-Pierre Baudelaire, poeta e crítico francês, foi o precursor deste sentimento, foi ele quem abriu as portas e as janelas da rua para o leitor. Foi ele quem expandiu sua idéia, tão próxima da realidade, aos diversos flaneures ocultos pelo mundo.


Baudelaire move-se de acordo com sua profunda instabilidade interior, o que torna sua produção uma alma vertiginosa. Sua realidade é atormentada por causa da degradação da vivência moderna. Essa realidade aguda se reflete em sua poesia desesperadamente inquieta, tornando-o uma ameaça ao conformismo. De acordo com Walter Benjamin, Baudelaire é um lírico no auge do capitalismo que enfrenta a inquietação e o estranhamento. Na visão baudelairiana o homem moderno é vítima das agressões das mercadorias e tragado pelas multidões, com isso configura-se como um embriagado a perambular pela cidade em total estado de abandono, à beira de um precipício.

A uma passante

A rua em torno um frenético alarido

Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,

Uma mulher passou, com sua mão suntuosa Erguendo e sacudindo a barra do vestido.

Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.

Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia

No olhar, céu lívido onde aflora a ventania, A doçura que envolve e o prazer que assassina.

Que luz...e a noite após! Efêmera beldade

Cujos olhos me fazem nascer outra vez,

Não mais hei de ter senão na eternidade? Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!

Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,

Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!


(BAUDELAIRE, apud BENJAMIN:2000 p.42)

Teoria da Deriva

A teoria da deriva é um dos trabalhos de autoria do pensador situacionista Guy Debord, disponível para download em: http://www.4shared.com/document/dujhkqc9/Internacional_Situacionista_-_.html

A deriva é um procedimento de estudo psicogeográfico – estudar as ações do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas. Partindo de um lugar qualquer e comum à pessoa ou grupo que se lança à deriva deve rumar deixando que o meio urbano crie seus próprios caminhos. É sempre interessante construir um mapa do percurso traçado, esse mapa deve acompanhar anotações que irão indicar quais as motivações que construiu determinado traçado. É pensar por quais motivos dobramos à direita e não seguimos retos, por que paramos em tal praça e não em outra, quais as condições que nos levaram a descansar na margem esquerda e não na direita. Dessa maneira, pensar que determinadas zonas psíquicas nos conduzem e nos trazem sentimentos agradáveis ou não.


Apesar de serem inúmeros os procedimentos de deriva, ela tem um fim único, transformar o urbanismo, a arquitetura e a cidade. Construir um espaço onde todos serão agentes construtores e a cidade será um total.

Projeto Retrato da Deriva



O projeto RETRATO DA DERIVA tem como objetivo principal estimular o olhar espontâneo do visitante para os espaços da Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes, Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, CEFAR, CTP – Marzagão, Serraria Souza Pinto), por meio de um edital público que divulgará e premiará imagens representativas desse olhar.


O projeto instala possibilidades mais amplas de diálogo entre o público e a instituição, criando uma narrativa visual da Fundação Clóvis Salgado através de depoimentos imagéticos de seus frequentadores.

Pakour

Parkour (variação do francês "Parcours", que significa Percurso) ou L'art du Déplacement (literalmente, Arte do Deslocamento) encontra sua origem na França, país dos criadores da prática, que são David Belle, Sébastien Foucan e os outros membros fundadores do grupo Yamakasi, o primogênito dos grupos de Parkour. A escolha do nome "Parkour" também se deve a um método de treinamento militar, o "parcours du combattant" (percurso do combatente) proposto por Georges Hébert, que foi um esportista e educador físico francês. O "parcours du combattant" utilizava o Método Natural de Educação Física, que desenvolve as habilidades naturais do homem para facilitar a sua sobrevivência no ambiente em que vive. Ele divide as principais habilidades naturais do homem da seguinte forma: caminhar, correr, saltar, escalar, quadrupediar, equilibrar, carregar e arremessar coisas, lutar e nadar. É do Método Natural que vêm as máximas muito aplicadas na filosofia do Parkour: "Ser forte para ser útil" e "Ser e durar".


Parkour é a arte de superar os obstáculos físicos quaisquer e também os obstáculos psicológicos, como medo, preguiça, vergonha e tédio, garantindo ao praticante, com muito treino, o auto-conhecimento, força, velocidade, agilidade, destreza, concentração, raciocínio rápido, bons reflexos, entre outras habilidades.


O praticante de Parkour é conhecido pelo termo "Traceur", e a praticante como "Traceuse". Esses substantivos são derivados do verbo em francês "tracer", que significa traçar. A escolha do verbo se justifica pelo fato do praticante "traçar" o percurso que deseja fazer da forma mais eficiente que se encaixa dentro dos objetivos do traceur.

Um dos pontos mais interessantes do Parkour é que seus praticantes começam a perceber os ambientes com a ótica do movimento, ou seja, cada novo lugar, ou até mesmo os mais rotineiros, são possíveis novos pontos de interação.


Sugestão de vídeo para ver a prática do Pakour: http://www.youtube.com/watch?v=7VSRup-oxi0

Flash Mob

O termo flash mob é utilizado para se referir a manifestações populares, na qual um grupo de pessoas combinam previamente realizar alguma ação inusitada em um local público (normalmente shoppings ou praças), e se dispersar rapidamente, como se nada tivesse se passado ali. Surpreendendo as pessoas desavisadas presentes no momento.


Para combinar tais eventos, são utilizados meios de comunicação nos quais apenas os interessados em participar terão acesso a informação, mantendo o fator surpresa para os demais.


sábado, 26 de março de 2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

O outro: Juliana



Nova etapa.

- Preenchimento de lacunas. -

A sombra do outro também faz parte da construção do eu.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pra tentar entender...

"Da cidade de Zirma, os viajantes retornam com memórias bastante diferentes: um negro cego que grita na multidão, um louco debruçado na cornija de um arranha-céu, uma moça que passeia com um puma na coleira. Na realidade, muitos dos cegos que batem as bengalas nas calçadas de Zirma são negros, em cada arranha-céu há alguém que enlouquece, todos os loucos passam horas nas cornijas, não há puma que não seja criado pelo capricho de uma moça. A cidade é redundante: repete-se para fixar alguma imagem na mente.

Também retorno de Zirma: minha memória contém dirigíveis que voam em todas as direções à altura das janelas, ruas de lojas em que se desenham tatuagens na pele dos marinheiros, trens subterrâneos apinhados de mulheres obesas entregues ao mormaço. Meus companheiros de viagem, por sua vez, juram ter visto um dirigível flutuar entre os pináculos da cidade, somente um tatuador dispor agulhas e tintas e desenhos perfurados sobre a sua mesa, somente uma mulher-canhão ventilar-se sobre a plataforma de um vagão. A memória é redundante: repete os símbolos para que a cidade comece a existir."

(Ítalo Calvino, In: As cidades invisíveis)